Composição Fotográfica e Erros Frequentes
Composição fotográfica e erros frequentes. Quando começamos nossa caminhada, neste basto campo que é a fotografia, vamos nos debruçar com a mesma realidade que todos os outros.
Quer dizer, olhamos nossas fotografias e, mesmo que apreciamos alguns defeitos, não conseguimos entender quais foram nossos erros.
Mesmo tendo feito cada ajuste, seguindo os passos do manual da nossa câmera: ajuste de diafragma, tempo de exposição, sensibilidade, focagem, e tudo mais, as imagens obtidas não estão boas. Imagino que algo parecido, já aconteceu com você também, não é mesmo?
Esta situação se torna muito comum, entre os fotógrafos noveles, por reincidir nos mesmos erros, na hora de fazer uma composição fotográfica.
Vejamos como solucionar a composição fotográfica e erros frequentes, para melhorar a qualidade de nossas fotografias.
1.- Vamos Fixar Conceitos
Em primeiro lugar, é preciso refrescar a memória, aqui de outra forma, fixar conceitos básicos.
A Fotografia não pode ser considerada como uma ciência exata, se não como Arte e, portanto, é impossível que tenha regras fixas nem rígidas.
Por isto, sempre haverá uma linha muito sutil, separando a criatividade, do que são os erros. Quer dizer, às vezes o que aparentemente é um erro, na verdade adiciona efeitos espetaculares, numa certa fotografia.
Portanto, resulta difícil separar os erros da criatividade e, isso condiciona que na Fotografia, seja impossível determinar regras fixas a serem cumpridas.
Aceitado o conceito de que Fotografia e Arte, são praticamente uma mesma coisa, cabe dizer que tanto uma como o outro, têm opções específicas como por exemplo, geram emoção e diversão na pessoa que a realiza.
Mas também têm outras finalidades importantes, como transmitir é sensações e emoções nas pessoas que olham para essas criações, por exemplo admiração, impressão, emoção, captar a atenção, cativar, etc.
Tanto a Arte Plástica (pintura), quanto a Fotografia, levam orientações atreladas idênticas, que afetam a mesma forma ao olho humano.
Quer dizer, sempre há algumas configurações que agradam mais do que outras, ao olhar do espectador e, esses padrões formam o que conhecemos como regras fotográficas.
Agora a pergunta que surge é a seguinte, devemos seguir ao risco destas regras fotográficas?
A resposta até pode resultar ambígua, porque o que vai definir a necessidade de cumprimento das regras, é precisamente o que desejamos transmitir ao espectador, com as nossas fotografias.
É absolutamente necessário deixar claro que aplicar ou não, as regras fotográficas, sempre será uma decisão sua.
Mas, minha recomendação é que você conheça o suficiente das regras fotográficas, para decidir o que fazer em cada caso.
2.- Quais são esses erros freqüentes
Vou fazer uma descrição detalhada dos principais erros, que são incidentes na hora de fazermos a composição de uma fotografia.
Refiro-me a essa composição de fotografias, que por uma ou outra coisa, não gostamos delas e que, aliás, caso sejamos conscientes dessa realidade, o aconselhável será, não mostrar essas ou essas fotografias, para ninguém.
Por que assim? Simplesmente, porque essas imagens não resultaram definidas aos nossos olhos, também não serão definidas para os olhos dos outros.
Portanto, temos que nos antecipar aos acontecimentos, e evitar essas situações, porque como diz o ditado popular, “não adianta chorar o leite derramado...”
Assim, é importante conhecer essas regras fotográficas, o bastante bem, como para saber o que estamos fazendo em todo momento. Para que, caso decidamos pular algumas dessas regras, ter o recurso de justiça, para “compensar nossa falha” e, que a fotografia final, resulte agradável para quem a veja.
Esses principais erros, compromissos ao fazer a composição, são estes a seguir:
1 - Não dirija a mirada do espectador
3 - Centralizar o objeto (pessoa, animal ou coisa)
4 - Usar um fundo céu uniforme (azul, cinza, liso)
5 - Horizontes fora de nível ou inclinados
7 - Não dê profundidade à fotografia
8 - Fotografia sem perspectiva atraente
9 - Fazer composição usando nossos olhos e mais nada
11 - Esquecer o centro de interesse
12 - Não analise a luz do cenário
Vejamos cada um destes erros detalhadamente, para os eliminarmos de vez, em nossas composições.
2.1.- Não Dirigir a Mirada do Espectador
Mesmo sem perceber, quando olhamos uma fotografia em que aparece uma linha, um caminho, uma estrada, etc., com uma certa direção “está-nos convidando” a seguir com a mirada, esse traçado.
Este efeito é o que temos como dirigir a mirada do espectador e, pode ser conseguido incorporando em nossa composição, objetos posicionados de uma determinada forma.
Com isso, dirigimos a mirada do espectador através da cena, até o centro principal de interesse, que há na composição, de forma fácil e agradável.

Caminho de volta acompanhando o riacho de alta montanha
Se faltar este médio para dirigir a mirada do espectador, a fotografia resultará algo confuso, porque o olho do espectador não tem onde parar.
2.2.- Usar padrões monótonos
É comum que a reprodução de coisas e objetos, quer dizer, seja agradável aos nossos olhos. Por exemplo: gostamos de ver um conjunto de pássaros, alinhados no galho de uma árvore, ou num cabo do tendido elétrico.
Também gostamos de ver, soldados desfilando em perfeita formação, uma esquadrilha de aviões voando em perfeita simetria, etc.
Mas, essas coisas que captam nossa atenção, quando vistas ao vivo, mudam por completo se sentido, quando as captamos com uma câmera e, as convertemos em imagem de duas dimensões, que é o caso da fotografia.
Precisamos incorporar algum elemento na composição, que quebre a monotonia, o padrão repetitivo, esse Ritmo, como foi feito na imagem seguinte:

Raios do Sol ao amanhecer, filtrados pelas nuvens, quebram a monotonia da fotografia
2.3.- Centralizar o objeto (pessoa, animal ou coisa)
Há uma espécie de “instinto guardado” em nossa memória, que deliberadamente nos diz, as coisas importantes, a destacar, devem ficar sempre focadas nas fotografias.
Nem sempre isto é verdade porque um objeto (seja da natureza que é), perfeitamente centrado numa imagem, muito pelo contrário, fica sem atrativo para quem vê essa imagem.
É muito melhor aplicar de forma habitual, a Regra dos terços para termos garantias de captar a atenção do espectador.
Isso sim, sempre temos a liberdade de usar esse recurso na composição, de acordo com o que desejarmos transmitir com nossa fotografia.
Por outro lado, se o caso desejar propositalmente, centrar um objeto na composição, é para fazê-lo bem feito para que capte a atenção precisamente, por esse detalhe mesmo.
Veja o parlamento de Budapeste sobre o rio Danúbio. Mas fora destes casos, o certo é aplicar a Regra dos Terços como norma geral.

O Parlamento de Budapeste no rio Danúbio, centrado nesta composição
2.4.- Usar um fundo de céu uniforme (azul, cinza, liso)
Este erro é muito frequente, na composição em cenários naturais, principalmente em fotografia de paisagens, também na maioria das fotografias feitas ao ar livre.
Quando o céu é liso sem nenhum detalhe (sem formação de nuvens), resulta muito simples e monótono e, desvaloriza a fotografia.

Procure sempre céus com nuvens, para usá-los como fundo que potencializa suas fotografias.

2.5.- Horizontes fora de nível ou inclinados
Devido à facilidade com que é possível, editar as fotografias (com programa de edição no computador, ou até no próprio celular), é inaceitável deixar um horizonte fora do nível em nossas fotografias.
Olha, uma coisa é que, por gosto, brincadeira, ou até num caso de criatividade, você decide fazer uma fotografia com horizonte inclinado. Até aqui, tudo certo.
Mas, é inaceitável deixar uma fotografia deste jeito, apenas para incluir um grupo de pessoas, animais ou coisas.
Este erro sempre é inevitável, se afastar dos objetos, ou usar uma lente com maior ângulo visual.
Apenas como ilustração e mais nada, estou incluindo um exemplo, que mesmo que possa ser considerado, dentro do pomposo nome de “Enquadramento Holandês”.

Imagem de umas ruinas perto da cidade de Atenas (Grécia)
A verdade é que faz mal aos olhos ver esta fotografia e, portanto, a sacada deve ser que, o melhor é fazer sempre as coisas certas. Quer dizer, com o horizonte corretamente nivelado.
2.6.- Não usar a regra da mirada
Esquecer ou “pular”, a aplicação da Regra da Mirada, é um erro bastante comum, seja por negligência, ou por falta de conhecimento.
Usando e aplicando corretamente, a Regra da Mirada, conseguimos dotar às fotografias, da capacidade de transmitir inúmeras sensações, a quem vê as imagens.
Estou-me referindo a transmitir emoções, sentimentos, afetar à sensibilidade, produzir emoções, tristeza, alegria, magoa, saudade, etc.
É claro que, aplicar a Regra da Mirada, exige conhecer onde e, por que aplicá-la , para conseguir imprimir todos estes efeitos, em nossas fotografias.
O onde , é precisamente na fotografia de Retrato (particularmente de pessoas) e, o por que, é porque as pessoas, temos a capacidade de transmitir essas sensações todas.
Alguns exemplos de retratos que transmitem algumas dessas sensações:

Lembrança, saudade... tal vez tristeza

Receio, atenção, desconfiança, dúvida, pergunta...

Ilusão, alegria, felicidade...
Caso você queira transmitir uma sensação agradável, a quem vê um retrato, deixe “respirar” à pessoa que está no retrato. Quer dizer, deixe espaço diante da pessoa e do objeto que você está olhando.

Deixe espaço entre pessoas e visualização local (deixe-as “respirar”)
2.7. - Não há profundidade na fotografia
Quando se faz a composição para tirar uma fotografia, principalmente de paisagens, esquecemos que nossos olhos se distinguem perfeitamente as três dimensões do cenário.
Agrava-se ainda mais este erro, porque também esquecemos que, a imagem que mostrará a fotografia tirada, terá apenas duas dimensões.
Esta diferença de apreciação, entre a visão ao vivo e a visão da fotografia tirada, acentua muito a falta de profundidade de campo .
Portanto, é vital que ao fazer uma composição usemos a lente adequada, que permita a melhor e maior profundidade de campo , porque isso dará tridimensionalidade à fotografia.

A Capadócia (Turquia) à vista de pássaros
2.8. - Fotografia sem perspectiva atraente
Fazer uma composição fotográfica, significa selecionar e distribuir especificamente, os elementos que compõem a fotografia, de maneira que o conjunto seja harmonioso, equilibrado e, esteticamente atraente.
Como indicado no item anterior, nossos olhos vêm do mundo em três dimensões, mas, quando tiramos uma fotografia do que vendemos, ela mostra somente duas dimensões.
Esta realidade, exige conhecer a técnica, para incorporar uma perspectiva atraente em nossas fotografias.
Como isso faz? Muito simples, além de usar a lente abranger para abranger a maior profundidade de campo, ao fazermos a composição da fotografia, temos que posicionar na parte inferior os objetos mais próximos, e na parte superior, os objetos mais distantes. Veja este artigo .

Mountain Bike no bosque, perspectiva atraente
2.9. - Fazer composição usando nossos olhos e mais nada
Bom! Na verdade, é de total lógica compor usando nossos olhos. Isto, porque é o que nos permite ver tudo o que há num cenário. Como que vamos compor se não usarmos nossos olhos?
Até aqui, parece que esse deve ser o caminho certo, não é mesmo? Pois não, esse não deve ser o processo padrão, porque se queremos que nossas fotografias transmitam o que sentimos, devemos usar o que detecta sentimentos, quer dizer, usar nosso coração, além é claro, dos nossos olhos.

Menino brincando no parque
Só assim conseguiremos que nossas fotografias transmitam o que sentimos quando fazemos a composição delas. As fotografias são esse médio que transmite sensações, o mesmo que acontece com as obras de arte dos grandes pintores. É somente dar uma chegada num museu, ou uma galeria de Artes Plásticas, para detectar essa transmissão de sentimentos.
2.10.– Sujeitos muito pequenos
Mesmo que uma câmera fotográfica também possa ser chamada de máquina fotográfica, isso não quer dizer que uma máquina fotográfica vai ferir ou morder a ninguém.
Digo isto, porque a forma de eliminar o defeito das pessoas ficarem muito pequenas, é colocar essas pessoas perto da câmera, não dos monumentos.

Torre de Belém em Lisboa (Portugal)
A imagem acima, é um exemplo do que não se deve fazer, por isso ficaram tão pequenas quanto duas pessoas, até o ponto de ser difícil recolhê-las.
O certo teria sido, posicionar essas pessoas bem mais perto da câmera, para que precisassem de um tamanho mais real, que fosse uma proporcionalidade a esta fotografia e, até usar o formato horizontal.

Imagem do rio Danúbio com o Parlamento de Budapeste (Hungria), ao fundo
Na imagem acima, pode ser considerado como um exemplo para fazer o certo, na hora de compor a nossa fotografia, posicionando especificamente as pessoas e os objetos.
É algo simples de manejar, simplesmente escolhendo o local certo desde onde focalizar especificamente, todos os elementos do cenário.
2.11.- Esquecer o centro de interesse
Fazendo um comparativo, posso dizer que o centro de interesse pode ser assimilado à fotografia, como as flores ao jardim.
Geralmente, quando olhamos uma fotografia, nosso cérebro espera detectar um centro de interesse, assim como esperamos encontrar as flores olhando para um jardim.

Mercado popular numa praça do centro de Bratislava
Na fotografia acima, o centro de interesse é o mercado colorido, que uma vez por semana, é instalado para que o povo possa comprar produtos frescos.
2.12.- Não analisar a luz do cenário
Este é mais um dos erros fotográficos mais frequentes, que cometemos quando estamos apenas centrados no protagonista da fotografia. Ignoramos elementos fundamentais para o resultado final, como é a luz do cenário.
Às vezes isso acontece fotografando um momento único, bem focalizado, o fundo é correto, mas esquecemos da iluminação.
Este fato vai gerar problemas, porque é provável que o protagonista fique iluminado irregularmente.

Foi esquecido conferir a luz do cenário antes de tirar a fotografia
A forma de solucionar este problema é se atentar muito bem, à luz existente no cenário antes de disparar para tirar uma fotografia. Procure também colocar o protagonista para que fique mais bem iluminado, ou modifique a iluminação. Você pode usar difusores, ou complementos com flash ou refletores, se for o caso.
3.- Conclusão
Se você chegou a você aqui, meus parabéns! Porque? Porque, mesmo que este artigo seja longo, fiz ele com a ideia de que seja: fácil de compreender, fornecer informação prática e, seja da máxima utilidade, para melhorar a qualidade das fotografias.
Na primeira parte, foram estabelecidos tanto critérios quanto o que são as regras e, como devem ser usados e aplicados, para tirar o máximo proveito delas.
A seguir foi plantada uma relação, dos erros ou falhas mais frequentes, detalhando cada um deles e também, os possíveis recursos para solucioná-los.
Com a finalidade de ampliar e completar as explicações, exemplos específicos, com detalhes precisos, do que está correto e do que está errado.
Mesmo que indicado anteriormente, voltarei a repetir que há casos, nos quais esses possíveis erros, podemos usá-los ampliando nossa criatividade e, conseguirmos transmitir o que desejamos.
Finalmente, selecionamos algumas conselhos e técnicas, para ajudar sempre, a fazer uma composição mais correta, aproveitando os elementos de cada cenário.