Entender os conceitos fundamentais
Entender os conceitos fundamentais. Como seja que geralmente, a maioria dos iniciantes neste apaixonante campo da fotografia, não é ciente de que para conseguir boas fotografias, precisa conhecer e aplicar alguns conceitos básicos, eu decidi explicar detalhadamente tudo a respeito destes conceitos básicos.

Precisamente porque detectei conversando com muitas pessoas iniciantes na fotografia, seu desconhecimento de conceitos teóricos, e como aplicá-los praticamente. Foi por isso que decidi propor estes 4 exercícios para entender os conceitos fundamentais.
Logicamente, é muito mais fácil entender os conceitos fundamentais, vendo como aplicá-los e os resultados práticos obtidos.
Vejamos quais são, para entender os conceitos fundamentais, e como aplicá-los praticamente.
1.- Como usar luz e sensibilidade ISO na câmera
A sensibilidade ISO é coisa desconhecida para muitos iniciantes, e os leva a colheitar muitas desilusões, provocando receio em outros.
Como todos sabem, não há nada pior que desconhecer os conceitos fundamentais, para ficarmos receosos e desconfiados. O sensor da câmera é coisa misteriosa, algo mágico, só ao alcance de uns poucos!
Para refrescar a memória recomendo ver estes artigos: Luz e Fotografia e Triângulo de Exposição.
Os sensores mais normais são sensíveis na faixa ISO 64 a ISO 6400. Câmeras semiprofissionais e profissionais tem ISO 50 ate 55000.
Precisamos saber que sensibilidade ISO é um padrão, que quanto mais alto ajustado na câmera, mais risco de "ruido" na fotografia. Ou seja, será mais acentuado o efeito de “areia” ou “pontinhos”, como mostra a fotografia abaixo.

Imagem da Lua no eclipse de julho 2018, tirada com ISO 6400, não se aprecia ruído.
1.1.- Como conhecer o limite ISO da sua câmera
O que deve conhecer é qual ISO ajustar na câmera, para conseguir fotografias corretas. Portanto este exercício é tirar varias fotografias aumentando o ISO e conferir qual deu melhor resultado.
Para que o exercício seja correto, recomendo usar um tripé, a fim de manter a câmera imobilizada.
Quase todas as câmeras possuem ISO mínimo de 100, que proporciona a melhor qualidade de imagem. Inicie com ISO 100 e aumente progressivamente 200, 400, 800, 1600, etc.
Câmeras atuais suportam ISO alto e permitem disparar com ISO 6400 sem problemas.

Recorte da fotografia anterior da Lua, em que já se aprecia ruído, assim este é o limite da câmera.
Para detectar quando começa aparecer o “ruído”, vamos recortar as fotografias fazendo zoom 100%, para comparar uma com a outra. Quando veja “ruído” intenso que não possa compensá-lo com software, terá encontrado o ISO máximo para tirar boas fotografias.
2.- Aplicar a profundidade de campo
Entender os conceitos fundamentais leva, a conhecer a teoria e aplicá-la na prática. Que é e como controlar a profundidade de campo. Para aprender rápido o melhor é um exercício prático.
Para começar este exercício aconselho ajustar a câmera no modo A ou Av (prioridade à apertura do diafragma).
Este é um dos primeiros exercícios que devemos praticar aplicando a profundidade de campo. Veja este artigo Começar aqui.
O conceito da profundidade de campo é dificultoso de entender no começo, mesmo que seja realmente simples.
Para compreender rapidamente o que é a profundidade de campo, coloque vários objetos separados uns dos outros. Fixe a câmera no tripé, apontando para esses objetos.
Focalize o objeto mais próximo. Na medida que vamos abrindo ou fechando o diafragma, apreciamos como varia a profundidade de campo.
Este exercício consiste em fixar a câmera, focalizar o objeto mais próximo, com diafragma em f/1.8, e tirar uma fotografia. Teremos uma fotografia como esta abaixo.

Depois fechar o diafragma a f/8, por exemplo, e voltar a fazer outra fotografia. Teremos uma fotografia como à de baixo.
Da para ver que na mesma fotografia fechando o diafragma a f/8, o fundo aparece bem mais definido. Se fechar muito o diafragma, o macaco e o fundo apareceriam igualmente nítidos. Isto transmite a sensação de maior proximidade entre o macaco e as cerâmicas atrás dele.

Este é o efeito conhecido como profundidade de campo em fotografia. Quer dizer, fechando o diafragma temos maior profundidade de campo, que significa que a zona com objetos nítidos é maior.
Por último fechar o diafragma a f/22, e tirar outra fotografia para completar o exercício, e apreciar as diferenças.
3.- Afeta à cor o Balanço do Branco?
O Balanço do Branco resulta um pouco complicado de entender, mas os exemplos seguintes ajudarão a entender os conceitos fundamentais.
Começar indicando que uma coisa que deve saber é que a luz tem diferentes cores. Assim dependendo da cor da luz, veremos os objetos iluminados por ela de uma ou outra cor.
Recomendo ler estes artigos para refrescar idéias: Luz e Fotografia e Que é o Balanço do Branco e Como se Usa.
3.1.- Vamos fazer um exemplo
Assim por exemplo, uma peça de porcelana branca, iluminada com luz do Sol do meio dia, a veremos perfeitamente branca. Isto porque a luz do Sol nesta hora tem uma temperatura ao redor de 5500 graus Kelvin.
Esta temperatura de cor é considerada neutra. Quer dizer, iremos ver as cores tal e como realmente são, e sem que estejam afetados por nada.

Fotografia do prato de porcelana branca decorado em cor verde. O balanço do branco foi colocado em automático, para mostrar a cor branca da peça, à luz do dia 5500 Kelvin.
Continuando o exemplo da porcelana, agora colocamos essa peça num local cuja iluminação seja luz amarela. Veremos a porcelana de cor amarelo, mesmo que ela é branca. Aqui é donde intervém o Balaço do Branco.
Justamente a função de Balanço do Branco da câmera, serve para controlar, a cor da luz que há no cenário. De esta forma podemos conseguir as cores reais dos objetos, e também completamente o contrario.
3.2.- Continuamos esse mesmo exemplo
Seguindo com o exemplo da porcelana branca, mantendo-la no local com luz amarelada. Ajustamos o WB (Balanço do Branco) da câmera, em modo automático, a câmera tentará compensar o amarelo, para que a imagem da porcelana seja branca.

Fotografia feita com lâmpadas incandescentes, luz amarelada de 2500 Kelvin, e ajustando o Balanço do Branco em automático na câmera. Ela tenta corrigir o amarelo na imagem, com cor azul mais fria 9000 Kelvin à sombra de um dia claro.
Praticamente todas as câmeras digitais por simples que sejam, possuem vários modos para ajustar às diferentes situações. Assim num dia nublado ajustará para compensar a tonalidade azulada, e a fotografia sairá cinzenta.
Portanto, se utilizamos um determinado modo em uma situação distinta, conseguiremos resultados muito diferentes.

Fotografia feita com câmera o modo automático, ajustando o Balanço do Branco para luz de lâmpada amarelada 2500 Kelvin. O resultado é esta imagem ligeiramente amarelada.
Para conseguir uma boa experiência com este exercício recomendo:
- Tirar a mesma fotografia, mudando o modo do Balanço do Branco, utilizando um objeto de cor branca, ou predominantemente branco.
- Experimente com luz do dia, luz de lâmpada de filamento, luz de dia nublado, luz fluorescente, etc.
Agora mais uma dica:
Se atente para o formato de imagem configurado na câmera, porque caso esteja em JPGE não vai-lhe permitir trabalhar na manipulação da imagem com software em seu computador.
Somente tendo o formato RAW configurado na câmera, poderá manipular a imagem com software em seu computador. Quer dizer, alterar a temperatura Kelvin da cor sem perder qualidade da imagem.
4.- Como afeta a velocidade do obturador à imagem final
Para fazer este exercício pratico, é aconselhável configurar a câmera em modo T ou Tv (prioridade à velocidade do obturador), e fixar a câmera num tripé.
Este é outro exercício para ajudá-lo a entender os conceitos fundamentais. Consiste em comprovar de forma pratica o que acontece quando variamos a velocidade do obturador na câmera.
Variando a velocidade do obturador nem sempre vamos apreciar diferença no resultado final. Isto será evidente sempre que os objetos fotografados não estejam em movimento.
Assim fotografar um prédio com a câmera num tripé, dará identica fotografia com velocidade 1/60 que com 1/1200 de segundo.
Mas fotografar com a câmera no tripé, o jato de água numa fonte com velocidade 1/500 ou com 1/1.6 de segundo, dará imagens totalmente diferentes.
4.1.- Efeitos de congelamento e de seda
Vamos ver com exemplos, como se geram estes efeitos de congelamento e de seda, muito utilizados em fotografia. Colocar a câmera fixa no tripé.

Imagem tirada com velocidade 1/160 de segundo, ISO 200, e f/4.5 com luz natural dia nublado, às 11 horas. Da para perceber perfeitamente as gotas de água do jato que saem do bico da mangueira.
Vejamos por que:
- No primeiro caso 1/160 de segundo, apreciamos perfeitamente a forma que tem a água no jato que sai do bico. Este efeito é conhecido em fotografia como congelamento.
- No segundo caso 1/6 de segundo, somente apreciaremos a forma externa gerada pela água desde que sai do bico. Forma um “jato de fumaça” perfeito desde o bico ate o chão. Esse efeito é conhecido em fotografia como efeito seda, como se aprecia na fotografia abaixo.
- Fazendo outra fotografia ajustando a velocidade, por exemplo, a 1/100 de segundo, dará para apreciar com bastante clareza a forma do jato de água, mas não à das gotas.

Imagem tirada com velocidade 1/6 de segundo, ISO 64, f/7.1, e luz natural de dia nublado às 11 horas. Da para perceber a forma do ”jato de fumaça” que forma a água desde o bico da mangueira ate o chão. Este é o efeito seda muito usado em fotografia.
4.2.- Efeitos de movimento e velocidade
Da mesma forma podemos ampliar este exercício praticando com ajustes da velocidade do obturador, e conferindo os resultados nas imagens.
Agora vamos fotografar um carro circulando na rua, ajustando uma velocidade alta no obturador, por exemplo, a 1/500 de segundo. A fotografia obtida mostrará a imagem do carro nítida, como se estiver parado, só que ele está em movimento, e transmite a sensação de velocidade.

Esta fotografia transmite a sensação de que o carro se desloca com grande velocidade, mesmo que pareça estar parado. Isto se consegue ajustando a velocidade do obturador, focalizando e enquadrando o objeto que deverá acompanhar durante a fração de tempo que demore captar a imagem.
Ajustando agora uma velocidade baixa no obturador 1/25 de segundo, e voltamos a fotografar outro carro circulando pela rua. A fotografia mostra o carro deixando atrás dele uma estela com forma indefinida, mas que transmite a sensação de movimento.

Esta imagem foi feita com ISO 1600, f/2.8 e velocidade do obturador 1/25 de segundo, mantendo a câmera bastante fixa com as mãos.
Para obter uma boa imagem de um objeto se deslocando com velocidade, devemos ajustar o obturador de acordo à velocidade do objeto. Ou seja, quanto mais rápido se deslocar o objeto, mais rápida deve ser a velocidade do obturador, para “congelar” a imagem do objeto.
Recomendo praticar brincando com as velocidades do obturador, fotografando objetos em movimento, e analisando os resultados para aprender praticando.
5.- Conclusão
Espero que estas explicações, conselhos e exercícios, sejam de grande utilidade para entender os conceitos fundamentais que vão ajudá-lo sempre. Assim espero que consiga suas melhores fotografias, e aprenda tecnicas fotográficas.
Como dica adicional, insistir em que a câmera pode ser de melhor ou pior qualidade, más um bom fotografo deve ter os recursos e a técnica para extrair as melhores imagens da câmera. Dito de outra forma, uma boa câmera não faz um bom fotografo, mas o bom fotografo sim sabe tirar o melhor resultado de qualquer câmera.
Espero que este artigo tenha sido proveitoso para você, pois esse é meu desejo. Agradeço sua opinião que terei prazer em responder. Ate o próximo artigo!