Luz e Fotografia
Quando falamos de luz e fotografia, na verdade estamos falando de duas coisas que realmente, dependem uma da outra.
A luz existe por natureza como a vida mesma, e a fotografia somente pode ser criada se existe a luz.
A palavra fotografia está composta de duas partes, fós e grafis, palavras que derivam do grego.
Fós significa luz e grafis significa escrever, assim uma boa definição de fotografia é: “A arte de escrever com a luz” e, mesmo que à partida pareça estranho é a realidade.
Fotografar uma pessoa, um objeto, uma cena, é o fato de captá-lo com um aparelho ótico que é a câmera fotográfica.
Mas isso é somente possível se houver luz suficiente, que permita que a cena reflita sua imagem para dentro da câmera.
Portanto se não houver luz não a forma de ver o cenário, distinguir suas imagens, e portanto, nem criar fotografias.
Esta realidade física atrela luz e fotografia, porque sem luz não pode existir a fotografia.
1.- Luz
A luz é uma onda eletromagnética, cujo comprimento de onda se inclui num intervalo no qual o olho humano é a ela sensível.
Trata-se, de uma radiação eletromagnética situada entre a radiação infravermelha e a ultravioleta.
As grandezas físicas da luz como onda eletromagnética que é, são três:
- Intensidade (brilho)
- Freqüência (cor)
- Polarização (dualidade onda-particula)
Um raio de luz é uma trajetória da luz num determinado espaço e indica a fonte que cria a luz, e para onde ela se dirige.
A definição de raio de luz foi introduzida por Abu Ali Alhazem muitos séculos atrás.
Quando a luz se propaga num meio homogêneo, sua trajetória sempre é retilínea.
A luz pode descrever trajetórias curvas somente quando se propaga em meios não homogêneos.
1.1.- Tipos de fontes de luz
Uma fonte luminosa é um objeto que emite luz visível para o olho humano.
Basicamente há dois tipos de fontes de luz, e podem ser:
- Primárias
- Secundárias
As primárias produzem a luz que elas emitem. As secundárias refletem a luz de outra fonte.
Uma fonte de luz pode ser difusa ou pontual. A luz difusa atinge objetos desde várias direções, proporcionando sombras menos nítidas quanto mais longe esteja o objeto da superfície onde são projetadas.
A luz puntual se origina num ponto reduzido em relação ao objeto iluminado, e se pode dizer que a direção dos raios é semelhante.
Por isto as sombras projetadas pelo objeto, são nitidas e recortadas quanto mais perto o objeto estiver da luz e mais distante da tela de projeção.
A luz solar pela distância que separa a Terra do Sol, tem direcionalidade muito forte, por isso é a maior fonte de luz dispersa existente.
1.2.- Luz primaria
A luz primaria é a que procede de uma fonte que produz a luz que emite como pode ser o Sol, ou uma lâmpada.
Considerando a característica da fonte de luz há luz primaria natural, como a luz do Sol, e a luz de uma lâmpada elétrica que é de origem artificial.

Luz do Sol ao amanhecer
1.3.- Luz secundaria
Luz secundaria sempre é luz primaria refletida, recebida de outra fonte primaria, como a solar ou, a de uma lâmpada elétrica.
Exemplos de luz secundaria: Luz da Lua que reflete a luz solar, a luz solar que reflete um espelho, o reflexo de uma lâmpada num vidro, etc.

Fotografia da Lua no eclipse de julho 2018
1.4.- A luz como ferramenta
No desempenho da profissão de fotografo, alem das ferramentas materiais (câmeras, lentes, flashes, suportes, filtros, etc.), há uma ferramenta indispensável que é a luz seja natural ou artificial, sendo a mais importante de todas.
As fontes de luz são as ferramentas principais para que o fotógrafo possa realizar seu trabalho, independentemente de como a use cada profissional.
Dentro da profissão foram estandardizadas luminárias de acordo à sua eficiência, consumo, facilidade de uso e de transporte.
Ou por aquela característica especial que as fazem mais apropriadas para determinadas aplicações de luz e fotografia.
A verdade é que alem de conhecer todas as outras ferramentas de que dispomos, a ferramenta fundamental é a luz.
Portanto temos que nos auxiliar de qualquer elemento que emita, transforme ou elimine luz.
2.- Controle de luz e fotografia
Estes dois parâmetros luz e fotografia exigem umas técnicas de manipulação para conseguir fotografias espetaculares.
Independentemente da qualidade da câmera fotográfica e das objetivas, os resultados dependem do controle da luz.
Todo tipo de câmera fotográfica digital possui dois mecanismos fundamentais, para o controle da luz, que são:
- O diafragma (localizado na objetiva ou lente)
- O obturador (localizado dentro do corpo da câmera)
Estes dois mecanismos controlam a intensidade de luz e, o tempo que a deixamos a luz atuar sobre o sensor.
Alem destes dois mecanismos de controle da luz na câmera, existe um elemento digital que é o sensor eletrônico.
O sensor eletrônico é o substituto do antigo filme e, é o que registra a imagem de forma eletrônica.
2.1.- Como funciona o diafragma?
Primeiramente indicar como se obtem a escala de aberturas utilizadas nos diafragmas fotográficos, através desta formula:
Onde:
- f é o valor obtido de abertura do diafragma
- DF é a distância focal, em milímetros
- A é o diâmetro, em milímetros, da abertura efetiva do diafragma
Ver como funciona um diafragma, é só observar como reagem nossos olhos quando muda a intensidade da luz donde estejamos.
No centro dos olhos temos as pupilas, que são o mais perfeito diafragma que existe, e que reagem imediatamente às variações da luz, se fechando quando a luz é intensa e se abrindo quando a luz é baixa.
Experimente se olhando no espelho, quando coloca a luz de uma lanterna dirigida aos olhos, e quando a retira deles.
Pois bem! Já sabemos a função do diafragma que é abrir ou fechar a passagem de luz para a câmera.
O diafragma se controla de duas formas, dependendo do tipo da câmera. Nas compactas simples normalmente o controle é automático, nas câmeras com maiores prestações pode ser manual e automática.
A faixa do diafragma se indica nas lentes e nas câmeras, com um (f) e varia geralmente desde f=1.4 ate o f=32, mas dependendo do kit de câmera e objetiva, a faixa do (f) é diferente.
2.2.- Como varia a apertura do diafragma?
O critério que seguem os valores de (f) é dobrar o tamanho da apertura do valor anterior, ou seja:
- f=1.4 tem aproximadamente dobro de superfície que f=1.8
- f=1.8 tem aproximadamente dobro de superfície que f=2
- f=2 tem aproximadamente dobro de superfície que f=2.8
- f=2.8 tem aproximadamente dobro de superfície que f=4
- f=4 tem aproximadamente dobro de superfície que f=5.6
- f=5.6 tem aproximadamente dobro de superfície que f=8
- f=8 tem aproximadamente dobro de superfície que f=11
- f=11 tem aproximadamente dobro de superfície que f=16
- f=16 tem aproximadamente dobro de superfície que f=22
- f=22 tem aproximadamente dobro de superfície que f=32
É importante salientar que o maior número (f) indica o diafragma mais fechado, e ao contrario o menor número (f) indica o diafragma mais aberto, assim:
- f=1.4 significa mais passagem de luz entanto que
- f=32 significa menor passagem de luz
A manipulação da apertura do diafragma tem grande impacto sobre as imagens. Assim caso não selecionar a apertura (f) correta, a imagem pode ficar tremida ou desfocada, portanto é importante entender muito bem este ajuste para conseguir a correta luz e fotografia.
Em próximos artigos explicarei detalhadamente, como é possível “brincar” com este efeito ao selecionar a apertura do diafragma, para gerar a “profundidade de campo”.
Para uma melhor compreensão, veja a fotografia a seguir que mostra um comparativo de varias aperturas de diafragma numa mesma objetiva:

Fotografia gentileza da Koeppik (CC Wikimedia)
2.3.- Como funciona o obturador?
Para conseguir que luz e fotografia sejam corretas, alem do ajuste (f) do diafragma, é preciso ajustar a velocidade do obturador.
O obturador é um mecanismo de laminas metálicas, perfeitamente sincronizado, com o diafragma, é acionado pelo disparador da câmera no instante de tirar a fotografia.
OBSERVAÇÃO: Na atualidade há muitas DSLR’s que possuem obturador eletrônico, mas o funcionamento é praticamente o mesmo sobre o sensor.
Um obturador funciona exatamente como os párpados dos olhos, quando os abrimos e fechamos, com duas diferenças:
- O obturador fechado corta completamente a passagem de luz, e está dentro da câmera
- Os párpados são bastante translúcidos e estão fora do olho
No vídeo mostra como funciona o obturador de uma câmera fotográfica, e a semelhança com os párpados.
O tempo que o obturador fica aberto, o sensor da câmera recebe luz. Esse tempo é o que se chama velocidade de obturação.
Assim velocidade de obturação é o tempo que permitimos a passagem de luz através da lente da câmera.
A velocidade de obturação se mede em segundos e, em alguns casos podem ser minutos dependendo das condições de iluminação da cena.
A velocidade de obturação pode ser desde minutos de apertura (fotografia noturna), ate 1/8000 de segundo nas câmeras de boa qualidade.
Exemplo de alta velocidade de obturador: Para congelar a imagem de uma bala atravessando um vidro, a câmera especial usa velocidade de obturação de 1/10.000 de segundo.
A velocidade de obturação vai subindo em proporção de dobro da anterior, assim partindo de 1 segundo, ½ s é o dobro, ¼ s é dobro de 1/8 s, 1/15 s é o dobro, 1/30 s é dobro, e assim sucessivamente ate chegar à 1/8000 s.
2.4.- Efeito velocidade de obturador - diafragma
O tempo de apertura de obturador que nos mesmos controlamos, determina o movimento da cena.
Isso nos permite congelar uma cena em movimento, por exemplo, um carro de Formula 1 a 280 Km/h, ou pelo contrario, capturar o movimento de qualquer objeto.
Assim como a velocidade do obturador afeta ao movimento da cena, a apertura do diafragma afeta à nitidez da imagem, ou seja, à profundidade de campo.

A profundidade de campo é o efeito de luz e fotografia, que se consegue “brincando” com estes dois dispositivos de controle da luz, o diafragma e a velocidade de obturação.
Um bom exemplo é esta fotografia "macro" na que se vê com nitidez somente as florzinhas do majericão, e o resto está desfocado, ou seja, profundidade de campo reduzida.
2.5.- Como funciona o sensor da câmera?
Mais uma vez devo associar este componente eletrônico da câmera, com o olho humano para explicar a função do sensor no “binômio” luz e fotografia.
Ficamos deslumbrados quando olhamos os faróis de um carro à noite, e não enxergamos nada quando no dia, entramos num local pouco iluminado.

Isso porque as retinas dos nossos olhos ficam saturadas de luz no primeiro caso, e sentem a falta dela no segundo.
As retinas dos olhos são exatamente como o sensor de uma câmera fotográfica digital.
As imagens que recebemos pelos olhos são processadas pelo nosso cérebro, e no caso do sensor da câmera digital, as imagens que recebe o sensor são processadas pelo micro computador da câmera.
Assim como as retinas ficam saturadas por excesso de luz, e não enxergam bem quando falta à luz, o sensor da câmera pode ficar saturado por “superexposição”, ou gerar uma imagem escura “subexposição” por falta de luz.
O sensor da câmera digital como o olho humano, pode variar sua sensibilidade e adaptá-la as condições de luz.
Isso se faz ajustando a gradação da sensibilidade ISO do sensor.
A parte do vídeo das pupilas é gentileza de Greyson Orlando
2.6.- Que é a sensibilidade ISO?
Você lembra as câmeras analógicas, que usavam rolo de filme, que tinha que ser revelado, para se obter as fotos?
Naquelas câmeras, o valor ISO era a sensibilidade à luz do filme, já numa câmera digital DSLR, o ISO é a sensibilidade à luz do sensor eletrônico.
Assim o valor ISO mais baixo é normalmente ISO 100, e um ISO 200 é o dobro de sensibilidade.
Dependendo do tipo da câmera, a sensibilidade ISO do sensor pode variar normalmente, entre ISO 50 ate ISO 3200.
Existem grados de sensibilidade bem mais altos (ISO 16000, ISO 21000,... ate ISO 50000), mas o uso deles é bem complexo e somente aplicado em casos específicos, e com câmeras apropriadas.
3.- Conclusão
Ate aqui fiz a apresentação das três coisas que são o fundamento para ter um controle da luz e fotografia.
Este “trinômio” composto por: Diafragma, Obturador, e Sensor, são o alicerce da fotografia.
Passando já a um esquema mais didático, posso dizer que estes três elementos fundamentais, formam o triângulo de exposição que contem os três elementos que intervém na hora de fazer qualquer fotografia.
Para entender a inter relação entre estes três elementos é interessante estudar o gráfico a seguir:

Quando a câmera permite fazer ajustes de forma manual e, semi-automática (alem do modo totalmente automático), podermos variar os três parâmetros do triângulo para obter o melhor ajuste de luz e fotografia que desejamos.
Podemos variar um parâmetro e manter os outros dois, manter um e variar os outros dois, ou variar os três, e brincar com a luz a vontade e deixar voar nossa criatividade.
Descubra mais informação detalhada sobre fotografia digital acessando este link, e também clicando aquí.
Esta é a conclusão deste artigo já que a partir da hora em que sejam compreendidos estes três ajustes, será quando você poderá começar a aplicar sua criatividade com luz e fotografia.